domingo, 25 de fevereiro de 2018

O choque da infertilidade...

Finalmente ganhei coragem para vos escrever sobre isto. E hoje, faço-o porque quero partilhar a minha experiência e quero acima de tudo, receber ensinamentos de quem passa ou passou pelo mesmo. Deixo-vos então com um texto escrito por mim à alguns meses.



Há uns meses falei-vos do luto pelo qual estava a passar, disse-vos ainda que este aborto/cirurgia tinha trazido consequências muito mais complicadas do que se podia esperar. A verdade é que de um momento para o outro acordei de uma cirurgia e descobri que não poderia ter bebés de forma natural (resta-me a hipótese dos tratamentos de fertilidade).“Só por milagre  é que consegues engravidar”, ouvi de uma medica.
Chorei… Chorei e ainda choro de cada vez que me lembro desse dia. Choro todos os meses quando ainda alimento a esperança de a menstruação não aparecer e de o meu pequeno milagre acontecer. No entanto, tudo igual.
O luto ainda não o fiz por completo (nem sei se algum dia o farei). Na verdade, nem sei bem como é que se supera isto. Passei a não levar a minha vida tão a serio. Tento não fazer planos, não sonhar tanto, não idealizar tanto. Tento viver um dia de cada vez. TENTO.
A verdade é que por detrás do sorriso, da boa disposição que tento demonstrar, a tristeza marcou território no meu coração. Talvez seja difícil de compreender,  a verdade é que como se não bastasse a perda de um bebe, ainda há este “pesadelo” dos tratamentos de fertilidade.
É difícil, e a solidão é algo que se apodera de nós. Parece que as pessoas à minha volta não querem saber, não sabem como agir e às vezes tudo o que faz falta é falar sobre o assunto. Bebes nascem à minha volta, outras engravidaram e ninguém imagina a frustração que é assistir de plantão à felicidade suprema. E não… Não vejo isto como algo mau acho que seria estranho se não o sentisse assim, afinal se tudo tivesse corrido bem, já teria o meu bebé aqui comigo. Já o ouviria chorar, já o poderia sentir. É incrível e contraditório mas o que faz mal também é o que ajuda todos os dias. Darem-me a oportunidade de fazer parte da vida destes bebés é uma bênção, sentir o cheirinho poder pegar-lhes… Um dia serei eu naquele papel. E talvez um dia com tempo me volte a sentir completa.
Só não gosto é que me façam sentir menos mulher por não ser mãe. Talvez de forma inconsciente as mães relativizam as que não são “quando fores mãe…”; “tu ainda não és mãe…”, etc. Mas isto será tema para outra conversa.
A verdade… a verdade é que ainda não sei lidar muito bem com esta nova fase mas, aos poucos vou aprendendo a lidar com tudo. Até porque o que não nos mata torna-nos mais fortes.
Quando vier a maior bênção das nossas vidas garantidamente a mãe dele será a sua fortaleza.
Um dia de cada vez…
Tentarei partilhar por aqui todas as novas experiências. No próximo texto conto-vos como foi a primeira consulta de fertilidade.

Por ai alguém que tenha passado pela mesma situação? Como foi? Partilhem.


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