Tenho estado um pouco ausente das lides do blogue. Mas a verdade é que em poucos meses passei da felicidade pura para um luto doloroso.
Num momento senti-me realizada e noutro a mulher mais infeliz do Mundo. E sim, foi isso mesmo que estão a pensar. Achei que seria desta que mudaria o meu estatuto para: vou ser mamã e de futuro já sou mãe.
![]() |
imagem retirada do google |
Afinal, numa questão de segundos e quando digo segundos foram mesmo segundos, toda a minha vida mudou. Passei da possibilidade de um aborto (que por si só já não é fácil) para uma operação de urgência devido a uma gravidez ectópica (a segunda por sinal, embora da primeira tudo se tenha resolvido sem cirurgia).
Foi difícil! No espaço de poucas horas deram-me uma data de informações que tentava processar entre lágrimas. O medo invadiu-me tornando-me de certa forma quase irracional. Doeu tanto, tudo doeu demasiado... Eram noticias negativas umas atrás das outras e eu tentava a muito custo processá-las a todas.
À minha volta todos a acarinharem-me a darem-me força (falo de enfermeiras, auxiliares, medicas)... Mas ver nos olhos do meu marido uma vez mais a tristeza da perda de mais um filho e a angustia de me ver a sofrer fazia-me temer ainda mais tudo o que se passava.
E agora comentam vocês, não é assim tão grave, tudo se resolve, etc. A verdade é que esta gravidez, esta cirurgia, trouxeram-me consequências muito maiores do que estaria à espera e das quais ainda não me sinto pouco à vontade em falar.
A verdade é que aquilo que para os médicos não passava de um feto para mim e para o meu companheiro era o nosso bebé. O nosso futuro.
Neste momento, passo por aquilo que os psicólogos descrevem como a fase de luto. A revolta e a tristeza parece que se apoderaram de mim. Afinal sou educadora e não é fácil lidar com crianças todos os dias e saber que a nossa um dia estaria ali e já não vai estar.
Penso que para quem nunca passou por isto ou algo semelhante não saberá ou não conseguirá compreender o que se sente. Tudo isto fez-me perceber que secalhar a vontade ser mãe era bem maior do que o que imaginava. E agora que essa parte fácil me foi retirada tudo parece mais negro para o futuro.
Precisava neste momento de um novo recomeço, de gritar, chorar tudo o que conseguisse, dar uma volta ao meu mundo e sorrir. Sorrir com vontade e não porque tem de ser, porque a sociedade assim nos obrigada e a nossa profissão nos exige. Afinal quem vê caras não vê corações é um facto.
Já passei por várias fases no meio disto tudo: culpa, raiva, tristeza, revolta, desilusão mas, ainda não me consegui conformar, aceitar e seguir de facto em frente. Acredito que na vida nada acontece por acaso mas, esta crença não me retira o peso dos ombros.
Agora é um dia de cada vez, sem idealizar demasiado e esperar pelo o que o futuro nos reserva.
Por ai... Alguém com historias semelhantes?
Sem comentários:
Enviar um comentário