sábado, 12 de novembro de 2016

Um pedacinho de mim


São eles que me permitem sonhar...

A maior parte do meu tempo é passado no trabalho, no meio dos meus pequenos piratas e das minhas belas princesas. Gosto particularmente de ver os meus pestinhas a brincar livremente. Gosto de os ver a criar as próprias brincadeiras. Vejo-os criar piscinas no ar ou campos de futebol num espaço super reduzido. Os pequenos recantos da sala transformam-se em luxuosos cabeleireiros com manicures muito profissionais que de vez enquando também são massagistas. E eu? Eu sou a rainha de todo espaço, sou penteada, alimentada vezes sem conta, faço anos, por vezes, quatro vezes por dia, fazem-me as unhas, recebo massagens... e puft tornei-me perfeita. E como isso me relaxa. Sinto-me tão tranquila quando os vejo livres e quando me permito ser livre com eles.

Quando era criança acreditava que vivia num mundo cheio de fantasia. Vejo esse mundo nos meus piolhos e compreendo-o. Eles tornam-se super heróis e, de facto, tornam-se incríveis. Claro que depois estes pequenos super heróis trazem-me algumas dores de cabeça, lá surge o murro e o pontapé no ar que, às vezes, só mesmo às vezes, acaba por acertar e magoar algum mais distraído. E lá vou eu, tiro a minha capa de rainha e transformo-me em bruxa. BAHHHH e como eu detesto ser bruxa. Mas, tem de ser, repreendo-os! Cenas de pancadaria é que não. Magoar os outros é que não. Mas no fim de contas, eles só estavam a brincar. E no mundo da fantasia não há limites!

Tenho a estranha sensação de que hoje em dia, a infância passa rápido demais. E, por isso mesmo, deixo-os brincar. Os meus meninos têm rotinas e sabem, desde muito pequeno,s que há momentos para tudo, momentos de brincadeira e de trabalho, sendo que, muitos destes trabalhos/ aprendizagens são feitas também elas a brincar.

Só uma brincadeira não lhes é permitida, brincar com ARMAS. Armas não entram na minha sala, nem mesmo as imaginárias. As armas são objectos associados à agressividade, à morte e quero que percebam desde cedo que as armas não são objectos de brincadeira.

Pancadaria? Nunca! Bater é igual a repreensão na certa. Ensino-lhes que não é assim que se comunica.

De resto, quase tudo é permitido. Brinquem, brinquem muito e deixem-me brincar com vocês. Tenho das profissões mais esgotantes do planeta (porque é) mas, a verdade é que estes momentos que me levam à minha infância me permitem ser feliz.

Imagino-me ali, imagino-me com as idades deles e só ali, no meio deles, recupero por momentos a magia da infância. Canto com eles musicas que cantava, fazemos jogos que jogava, sonho como dantes sonhava.



Sou grata. Muito grata por esta profissão me permitir fugir, mesmo que por momentos, da realidade e simplesmente ser rainha. Rainha do meu reino que mesmo que pequenino é gigante no meu coração!. Gosto das minhas princesas, das minhas pequenas guerreiras, gosto das minha cabeleireiras, dos meus heróis, dos meus piratas, dos meus príncipes, gosto deles simplesmente porque sim. E sei que mesmo quando estou em modo bruxa má, eles também gostam de mim. E isso vale tudo!


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