domingo, 5 de abril de 2020

Sentir...

Covid 19. O tema do momento e o medo que nos inunda. 
Confesso que comecei por tentar levar este assunto de forma leve, tentava não dar grande importância e acreditar que não seria tão grave quanto na realidade o era. Como sabem, sou educadora e é mais do que necessário não entrar em pânico sobretudo no nosso meio profissional.
Contudo, com o passar do tempo fui-me apercebendo que este maldito vírus teria demasiadas consequenciais para além das questões de saúde publica. Para mim, e embora já se fizesse esperar que as escolas fossem fechar foi tudo tão de repente que quando caí em mim caí num precipício de ansiedade. Esta M*** deste vírus conseguiu parar um país inteiro, conseguiu fechar escolas, restaurantes, desmarcar consultas, deixar milhares desempregados e num desespero sem saber o que fazer. Vieram medidas atrás de medidas, nova legislação, estado de emergência e a minha cabeça sempre num turbilhão de sentimentos e emoções. Todos os dias achava que era um pesadelo, todos os dias queria acreditar que ia poder sair com a minha filha e marido. Todos os dias achava que tudo iria ser normal no dia seguinte. Nada aconteceu... O maldito vírus cá continua e eu comecei a ficar obcecada. Lavagem de mãos, desinfecção, retirar sapatos no caso de termos de sair, chegar a casa colocar toda a roupa na maquina e ir para o banho. O meu coração acelera de cada vez que tenho de sair. Felizmente, não tem sido necessário sair muitas vezes.
A determinada altura, comecei a sentir dores horríveis no corpo, custava a respirar, sentia-me cansada.. Pensei...f**** bateu-me à porta. Toca de tomar uns ben-u-ron e vamos ver se melhora. Melhorava e depois voltava. Comecei no entanto, a perceber que no fim de contas era a minha cabeça a alertar-me através do meu corpo para o facto de me estar a ir a baixo.
O medo e a SAUDADE (esta palavra tão nossa) estava a consumir-me. 
Como sabem, fiz no dia 15 de Março 32 anos e pela segunda vez nestes 32 anos, não tive o abraço da minha família, não tive o beijo... Custou-me muito... senti-me vazia (toda eu sou de mimos e afectos).
Passaram-se 3 longas semanas. Depois destes dias mais complicados, decidi dedicar-me às rotinas da baby que não são nada fáceis de manter. 
Tento fazer uma actividade todos os dias, mantê-la longe da tv pelo menos de manhã mas, não é fácil, não é nada fácil mesmo. Como explicar a uma bebé que não podemos ir à rua, que agora só vê a família por video-chamada, que não vamos à escola ou ao parque, que tudo mudou?
No meio de todo este turbilhão, olhei para o lado positivo de tudo isto. Ver crescer o meu anjinho a cada hora que passa.
Neste momento contamos 11 dentinhos, quase 11kg de peso, 14 meses do mais puro amor de sempre e... ela já anda. E já anda tão mas tão bem. Diz pai, mamã, mãe, daddy, gato (tato), olá, manda e dá beijinhos repenicados (mas só quando quer), diz adeus com a mãozinha, diz já tá, pede colo esticando os braços, chama-nos abrindo e fechando a mão e a sua comida preferida é MASSA.
Pensado bem... Vamos lá então tentar levar esta porcaria de isolamento da forma mais leve que nos for possível.
Claro, que as saudades não passam, pelo contrario só aumentam. Tenho saudades dos meus, daqueles que amo. Tenho saudades dos meus meninos/as, tenho saudades de toda a minha liberdade. Mas, agora, aprendi a dar valor ao que tenho, aos que tenho e ao que quero ter sempre por perto. Aprendi que não podemos deixar para amanhã sobretudo aquilo que queremos dizer hoje. Já me comprometi em algumas coisas... Não deixar de estar com quem gosto durante muito tempo é um dos compromissos.
São 23 dias de isolamento, saímos apenas para ir às compras ou para apanhar um bocadinho de ar na rua (senão a miúda enlouquece e nós também). Espero que quando tudo isto terminar, o Mundo se tenho tornado um pouco melhor, espero sinceramente, que não nos esqueçamos novamente dos profissionais de saúde que agora tanto elogiamos, e espero que não nos esqueçamos das saudades que sentimos daqueles que tanto gostamos.
Aqui por casa vamos continuar a aproveitar cada segundo. Vamos observar, vamos aprender, vamos cantar (muito), brincar, ver filmes, namorar. Não é fácil, não será fácil mas talvez seja o momento de descomplicar e pensar que mais uma vez o que tiver de ser será mas nunca por facilitismos.
Beijinhos

sábado, 3 de agosto de 2019

Voltar à rotina...

Já estava  para escrever este texto a algum tempo mas, ainda não tinha tido tempo. Agora, mais que nunca, sinto que o dia devia ter mais horas e que ainda assim, seriam poucas.
Hoje a princesa faz seis meses e na ultima semana, sofri a maior mudança dos últimos tempos.
A licença de maternidade terminou, e com ela terminou também a mamã a full-time. Nunca imaginei que isto me custasse tanto. Doeu... e dói ainda. Chamem-me exagerada ou dramática mas não me canso da minha filha um só segundo e por mais difícil que seja o dia a dia com um bebé, eu dava tudo para poder ficar mais tempo com ela. Chorei tanto no primeiro e segundo dia. Agora, já não choro mas o coração continua apertado, tão apertado.
Nos últimos dias tenho lutado com a dupla face da moeda, o perder o desenvolvimento da minha bebé e lidar com o desenvolvimento dos "bebés dos outros".
Sim! Eu sou educadora por paixão. Gosto muito da minha profissão mas, a realidade da minha vida agora é outra. Quando estou no emprego não descuro os "meus" meninos, no entanto, quando chega a hora de vir para casa só quero chegar rápido e não perder nem mais um segundo da minha bebé.
A partir do momento em que chego a casa a minha atenção é apenas dela. Claro está, que isto só me é permitido porque a princesa tem um papá maravilhoso que está neste momento com ela em casa (a gozar a sua merecida licença) e que me ajuda momento. Quando também ele regressar ao trabalho, ai sim, a rotina será completamente diferente. Tenho medo de me faltar tempo para a minha filha. Chegar a casa cuidar dela, mima-la, brincar e ainda ter que lidar de todas as lides domésticas. Terei de me adaptar pois claro, e terei de encontrar estratégias que me possibilitem gozar de todos os momentos da minha filha, ela será sempre a minha prioridade.
Todos me dizem que me vou habituar, e eu penso "Claro! Que remédio tenho!" mas digo-vos que o aperto no peito não desvaneceu nem um pouco, pelo contrario aumentou... A saudade aumentou, a culpa por não estar por perto cresceu também.
Nada paga os sorrisos que não vejo ou os olhinhos tristes que ela faz quando eu saiu.
Palminhas às mamãs maravilha que conseguem ver as coisas de outra forma. Cada um sabe de si e eu sei que não me posso anular enquanto mulher por agora ser mãe. Contudo, e não me anulando de forma alguma, sei que agora quero estar muito presente na vida dela. Não foi fácil o caminho que percorremos para a ter e por isso mesmo não é fácil o desapegar desta bebé tão desejada. 
E por ai quem mais a passar por esta fase? Ou quem já passou como foi para vocês? Contem me tudo.

sábado, 22 de junho de 2019

A solidão da maternidade

Antes de ter a minha princesa jamais imaginei que fosse possível sentir-me só. Afinal de contas, a partir do momento em que a minha bebé nascesse ela estaria sempre comigo.
É demasiado bom termos o nosso filho nos braços mas, na realidade, o que senti no pós parto foi que estava (na maior parte das vezes) completamente sozinha. Não importa quantas pessoas estão à minha volta, a sensação de ignorância e de incompreensão é imensa. Parece que ninguém nos consegue compreender, ninguém nos consegue dar colo. Da noite para o dia, deixamos de ter o colo de alguém para ser o colo da pessoa mais importante das nossas vidas. A realidade é que parece que somos de outro planeta, que não fazemos parte deste Mundo. O coração fica mini, apertadinho parece que tudo nos afecta, afinal de contas este pequeno ser que temos agora à nossa responsabilidade é completamente indefeso e dependente.
Acho que tive momentos em que entrei em pânico, quase não conseguia respirar, sentia-me quase a sufocar de angustia e de medo.
De uma forma ou de outra, toda a gente quer opinar. Todos querem dizer o que devo ou não fazer, o que é melhor ou pior e ignoram aquilo que sentes. Tive uma amiga que me deu um conselho que tento nunca esquecer "Segue o teu instinto" e é o que tento fazer todos os dias. Afinal de contas cada criança é uma criança e acho sinceramente que sei o que é melhor para minha filha.
Os amigos, sobretudo os que não têm filhos, têm por vezes grandes dificuldades em aceitar/compreender as mudanças que sofremos (o que é normal, provavelmente eu também não compreenderia).
O marido, por mais presente que esteja não consegue entender o que nós enquanto mulheres sentimos. Acho sinceramente que os homens são de forma geral muito mais superficiais e nós mulheres muito mais sentimentais. A solidão que nos atinge não é passível de se compreender, afinal de contas perante os olhos dos outros o nosso mundo é tão perfeito.
Não é! O nosso mundo não é perfeito. Pelo menos o meu não foi, não é.
Amo ser mãe. Amo a minha família de 3. Mas isso não invalida aquilo que sou enquanto mulher.
Ai hormonas, hormonas... Dão cabo de mim. É uma luta sair do isolamento materno, mas é possível sobretudo se tivermos à nossa volta pessoas que nos querem bem, que nos procuram e que nos ouvem.
Hoje esta solidão está apaziguada mas, ainda há dias que custam.
Mas tudo vale a pena pelo meu pequeno amor. As mudanças continuam...

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Para a minha mãe

Agora que me tornei mãe tenho de dizer:
- Desculpa mãe!
Ainda não tive a coragem de verbalizar estas palavras mas provavelmente irás lê-las.
Foste mãe tão cedo, aos 23 anos já me tinhas nos braços e três anos e meio depois já tinhas o segundo baby também no teu colo. Que difícil tarefa essa de ser mãe de dois. 
E eu sempre cobrei mais... Mais atenção, mais abraços, mais palavras...
Hoje sei que não é fácil com uma criança, quanto mais com duas. Ainda para mais quando o nosso pai trabalhava na hotelaria e passava por isso, grande parte do tempo, fora de casa.
Hoje sei que deste o melhor de ti, que continuas a dar  o melhor de ti e agora dás o melhor de ti por mim e pela tua neta. Sou-te muito grata por todos os sacrifícios, por todas as coisas das quais foste capaz de abdicar por nós. Hoje, sinto-me culpada por todas as lágrimas que te provoquei, por todas as preocupações que podia ter evitado dar-te.
Agora, sei os medos que tinhas quando me viste tantas vezes doente, internada ou em momentos de fraqueza da minha parte. Hoje sei, o que é a impotência de uma mãe perante o seu filho em sofrimento.
Sei que moverias montanhas por nós. Sei mesmo que dás de ti TUDO... Sei que te esqueceste de ti enquanto mulher quase por completo (e isso é tão fácil de acontecer quando nasce um filho, quanto mais dois). 
Por vezes sinto-me perdida perante as minhas inseguranças e tu tentas sempre confortar-me e eu nem sempre aceito ou sei receber esse conforto, mas quero que saibas que te valorizo, que te admiro e que te serei eternamente grata.
Obrigada mãe do fundo do meu coração por tudo o que foste, por tudo o que és e por tudo o que ainda serás nas nossas vidas. Amo te muito!

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Para um dia leres

"Olá filha" foram estas as primeiras palavras que te disse. No meio da emoção que me envolvia naquele dia olhava-te completamente apaixonada e incrédula de que aquilo estava realmente a acontecer. 

Na minha cabeça uma serie de questões pairavam. Sentia-me abençoada. O parto foi muito mais do que alguma vez imaginara. O teu pai esteve sempre do meu lado. Ele foi sem duvida o meu porto seguro (e que grande homem é este que escolhi para teu pai).
Sei, que muito do que eu senti naquele momento o teu pai também sentiu. O dia do teu nascimento foi o nosso renascimento.
Naquele instante em que te puseram no meu peito os meus olhos transbordaram a alegria imensa que não me cabia no peito.
Meu amor, minha filha amada... 
No dia do teu nascimento, nasceu também em mim um sentimento de impotência perante o Mundo. A partir daquele momento já não eras minha. A partir daquele momento tornaste-te do Mundo e confesso que isso não me agradou nem um pouco. Já não te podia proteger dos males que nos rodeiam e isso ainda não consigo aceitar. Afinal de contas, este Mundo que agora te viu nascer não tem nada de perfeito.
Todos os que me conheciam desde pequena diziam que a maternidade era algo natural em mim o que descobri contigo é que isso é mentira. A maternidade mudou-me por completo, tu mudaste-me por completo e tu é que fazes de mim diariamente uma mãe, a tua mãe.
Filhota, tu és um sonho tornado realidade. Tu és muito mais do que alguma vez desejei. Tu és o impossível tornado real.
Amo ter-te nos meus braços. Amo o teu sorriso. Amo cada traço do teu rosto (parece desenhado a pincel). Amo o teu toque, o teu cheiro, o teu abraço. Amo o teu palrar, a tua gargalhada ainda destreinada. 
Minha doce bebé, tenho tanto para te dizer, tanto para te mostrar, tanto para ser grata. E tu, meu amor, tens tanto para me ensinar. 
Todos os dias contigo ao meu lado são uma novidade, todos  os dias demonstras cada vez mais a tua personalidade. Tenho tanto orgulho em ti. Nunca me cansarei de te dizer o quanto te amo.
Quero que saibas que, independentemente das voltas que o Mundo dê, eu estarei sempre aqui do teu lado. Dar-te-ei sempre aquele abraço, aquele colo, aquele beijo. O meu corpo é teu, e será para sempre o teu porto de abrigo, sempre que dele precisares.
Quando achava ser impossível o meu coração transbordar mais de amor, eis que todos os dias me fazes perceber que o amor não tem fim. Obrigada meu amor por me fazeres MÃE, obrigada por ser tua mão.
Nada acontece por acaso meu amor e tu sabes disso melhor que ninguém.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Ser mãe é...

Ser mãe é a porta aberta de mudança sem volta a dar. No  dia que me tornei mãe começou o desafio e a descoberta de algo que me é totalmente desconhecido. 
Achava eu que o facto de ser educadora me ajudaria nesta nova fase da minha vida (santa ingenuidade). Descobri que ser mãe é um autentico quebra-cabeças, onde muitas vezes as peças são difíceis de encaixar.
 Ser mãe, é viver cada dia com o coração fora do peito, é ter medos constantes, uma ansiedade persistente.
Ser mãe é deixar partir aquela menina que eras e da noite para o dia fazeres te mulher. 
Ser mãe é deixar de ser passarinho e tornarmos-nos leoas.
Ser mãe é questionar a cada segundo se aquilo que fazemos está certo.
Ser mãe é ficar cega de amor.
Ser mãe é dormir em pé.
Ser mãe é observar o nosso bebé pela noite dentro só para ter a certeza que está a respirar.
Ser mãe é inigualável, avassalador, exaustivo e ao mesmo tempo compensador.
Ser mãe é ter a percepção de que o tempo passa rápido demais.
Ser mãe é ouvir opiniões de quem queremos e de quem não queremos.
Ser mãe é ser saudade.
Ser mãe é ser colo, ser ninho de alguém.


Ser mãe é isto e muito mais. Um dia achei que iria ensinar tudo ao meu filho mas descobri que na verdade, eu é que estou a ser ensinada. Esta é a minha definição de maternidade. Neste momento estou num pico de crescimento pessoal. Nada na vida nos prepara para ser mães/pais. Nada nos prepara para tamanho desafio. É tão  assustador desempenhar um papel tão importante na vida de um bebé.
A maternidade muda-nos para sempre, nada voltara a ser igual e isso nem sempre é fácil de aceitar. Contudo, com o tempo percebemos o quão magica é esta aventura. O meu bebé nasceu e eu na realidade renasci. Jamais serei a mesma. Não quero voltar a ser a mesma.
Um brinde ao renascimento de uma mulher. 
A aventura começa agora.

sábado, 18 de maio de 2019

O dia em que a minha vida mudou para sempre

Olá todos, 
desta vez a minha ausência é mais do que justificada, o melhor da vida aconteceu...
Sou mamã... Finalmente tornei me mãe de um ser maravilhoso. Tentarei vir aqui contar como tem sido esta aventura da maternidade que, na realidade não tem sido nada do que esperava.
Hoje, o que me trás aqui é o 18 de maio. Faz hoje dois anos em que a minha vida mudou por completo, faz hoje dois anos, que estava no recobro e a lidar pela primeira vez com a palavra infertilidade.
Naquele dia, nada me fazia acreditar que hoje teria um bebe nos braços. naquele dia, desisti, ou melhor, quis desistir. mas, muito graças ao meu marido acalmei-me e ainda tentei acreditar que seria possível (só no dia a seguir tive a certeza do diagnostico). Hoje é um dia marcante para o resto da minha vida, Também porque, deve ter sido por esta altura que o milagre se deu e este bebe inesperado se começou a formar no meu ventre. A vida tira-nos mas também nos dá. E porquê este texto? Porque tenho que festejar e agradecer todos os dias aquilo que a vida desenhou para mim e acima de tudo tenho de vos dizer que não existem impossíveis e a prova esta hoje nos meus braços.
Sou tão grata...

Sentir...

Covid 19. O tema do momento e o medo que nos inunda.  Confesso que comecei por tentar levar este assunto de forma leve, tentava não dar g...